Tudo que bate é tambor
Todo tambor vem de lá
Se o coração é o senhor, tudo é África
Pois em prática, essa tática, matemática falou
Enquanto a terra não for livre, eu também não sou
Enquanto essa história de quem tá por vir, eu vou
Principia, Emicida

Viver no Brasil está cada vez mais caro. Com a comida a preços absurdos, podemos observar filas por ossos no açougue e a fome subiu para níveis de antes do governo Lula. Hoje, 125 milhões de pessoas, quase 60% da população, de maioria negra e das periferias, enfrentam algum grau de insegurança alimentar. Mais de 11,3 milhões de pessoas estão na fila do desemprego há mais de dois anos. A perspectiva para a juventude é de trabalho precário no presente e falta de horizonte para o futuro.

Sobreviver no Brasil está cada vez mais difícil. Os genocídios dos povos indígenas e da população negra, em marcha desde a colonização, ganham feições cada vez piores. Nas periferias, as balas miram a pele negra dentro de casa, a caminho da escola ou do trabalho. As mulheres estão sofrendo mais violência doméstica, ao mesmo tempo que trabalham cada vez mais, em jornadas duplas e triplas. Aumentam a violência e o suicídio de jovens LGBTQIAP+ e a exclusão social das pessoas com deficiência.  Soma-se a isso uma série de ataques sistemáticos aos direitos dos trabalhadores que estão sendo promovidos desde o golpe de 2016, com as reformas da Previdência, trabalhista, bem como o teto de gastos.

No campo, nas florestas e à beira dos rios, crianças, mulheres, povos e territórios indígenas perdem a vida pela violência do garimpo, dos saqueadores e dos latifundiários. O trator passa, deixa em chamas a Amazônia e o Pantanal, transforma as águas em lodo e extermina a riqueza da diversidade biológica e cultural dos territórios originários e tradicionais. Os grandes projetos de desenvolvimento tem também como consequência a utilização do trabalho escravo e os conflitos pela posse da terra das comunidades quilombolas. Esse é o Brasil sob Bolsonaro. Um país do ódio, da violência, da intolerância e da exploração. Um projeto que coloca o Estado a serviço de matar e deixar morrer.

Seguimos em luta diária. Resistimos. Milhares de nós foram levados pela pandemia da Covid-19, mas, graças ao SUS, aos profissionais de saúde e à tradição da vacina no Brasil, sem esquecer a solidariedade de quem se organiza nos territórios e luta pela transformação social e pela vida, sobrevivemos. Apesar do negacionismo, do incentivo aos remédios sem eficácia e do atraso deliberado na vacinação, nosso sistema de saúde pública e universal nos deu a oportunidade de, hoje, olhar para o futuro e afirmar, com esperança, que um outro Brasil é possível – pautado não só em sobreviver, mas em viver plenamente. Diante desse cenário, apresentamos um projeto coletivo pelo Bem Viver, com a pré-candidatura de Tamires Sampaio a Deputada Federal, com Lula presidente do Brasil e Haddad governador de São Paulo.

Um projeto coletivo, antirracista e pelo Bem Viver

O fim da fome é urgente, com acesso a alimentos saudáveis e sem veneno para toda a população. Queremos o direito ao trabalho digno, com férias e aposentadoria. Queremos renda básica universal. Mas mais do que isso, queremos uma vida que não se limite a trabalhar: queremos tempo para viver, tempo para o acesso à cultura, esporte e lazer, para nos relacionar com quem amamos, para cuidar de nós e de nossa saúde física e mental. Queremos que seja possível viver de arte e cultura, e que o direito ao seu acesso seja garantido a todas as pessoas. Queremos a garantia dos direitos sexuais, reprodutivos, sociais e políticos das mulheres. Queremos uma educação livre, inclusiva e emancipadora, pública, laica, construída com a comunidade escolar. 

O direito aos territórios originários e tradicionais, à terra e à moradia precisam ser garantidos. Também à ocupação dos espaços públicos, das ruas, das praças, dos parques, dos equipamentos culturais, das escolas, das universidades, sem sermos criminalizados por sermos negros e jovens ou assediadas por sermos mulheres e/ou LGBTQIAP+. Queremos uma vida em uma sociedade antiproibicionista, feminista, antirracista e livre da violência de todos os tipos, nos espaços privados e públicos, e o fim dos sistemas que as sustentam. A construção de uma sociedade segura para todos passa pelo entendimento de que a segurança se constrói a partir da garantia dos direitos. Assim, defendemos uma política de segurança cidadã, que tenha como base a democracia, a prevenção e o combate ao racismo.

Defendemos os direitos de preservação da natureza, porque o ambiente não é apenas meio, dele depende toda a vida. Dependemos de água potável, de ar sem poluição e de um solo saudável para sobreviver. É preciso enfrentar a crise climática que assola o mundo todo e que no Brasil se intensifica com o desmatamento, no envenenamento das águas e nos ataques à nossa biodiversidade. Abraçamos a ideia da transição ecológica que oriente a transformação das formas de produzir, que leve em conta os conhecimentos dos povos tradicionais, com baixo carbono, com mitigação do impacto socioambiental, direcionando a tecnologia para necessidades coletivas de concretização de direitos. Os quilombolas, as comunidades e povos originários e tradicionais, devem ter garantida a titulação de suas terras e o respeito às suas culturas, crenças e formas de organização. Queremos garantia, soberania e defesa da terra, do ar, das águas, da fauna e da flora.

Defendemos o projeto do Bem Viver, com respeito às vidas e aos ciclos dos ecossistemas, fundamentais para a sobrevivência da espécie humana. De raízes indígenas, compartilhadas com o movimento negro, por meio da luta das mulheres negras, o Bem Viver nos ensina que as transformações estruturais que precisamos fazer em nossa sociedade devem ter como base a defesa da vida dos povos e dos territórios, dos seres humanos e da natureza, pois só existimos pelo que somos em coletivo. Também nos ensina que a superação desse sistema de exploração e dessa política de morte passa pelo respeito aos ensinamentos de nossos ancestrais e pelo fortalecimento dos projetos coletivos que construímos. 

É preciso mudar o modelo econômico que acirra a desigualdade econômica e social, provocada pelo capitalismo imperialista que domina o nosso país, e que suga nossas riquezas, minérios, petróleo e insumos diversos. Precisamos de um novo sistema tributário, que reduza os impostos sobre o trabalho e a produção e aumente a tributação sobre as rendas e riquezas dos 10% mais ricos, especialmente sobre o lucro decorrente das atividades que destroem o meio ambiente. Para tanto, precisamos defender o patrimônio público, inclusive a Petrobras, Eletrobras, bancos públicos e demais empresas públicas estratégicas.

O que é público precisa ser defendido e o que é coletivo deve ser fortalecido. O acesso à educação pública e emancipadora, o direito à saúde pública, gratuita e universal, com o sistema único de saúde (SUS) e a rede de proteção e assistência social, com o sistema único de assistência social (SUAS), são conquistas de lutas coletivas. Acreditamos nos valores comunitários, na solidariedade, na prática da vivência econômica cooperativa, no combate ao racismo ambiental e na diversidade como nossa principal riqueza, que deve ser respeitada e valorizada.

Seguindo os ventos de vitórias progressistas na América Latina, acreditamos que o Brasil pode ser feliz de novo e, inclusive, contribuir para uma ordem multilateral na qual a cooperação internacional possa florescer, voltando a implementar uma política externa altiva e ativa, fortalecendo os laços com nossos irmãos africanos e latino-americanos e respeitando a soberania dos povos. Para isso, é fundamental priorizar a vida da população e a defesa da natureza. Tirar o projeto genocida do poder é urgente. Eleger Lula presidente e Haddad governador significa mudar os rumos do Brasil e de São Paulo na direção da democracia, da igualdade, da justiça social e ambiental.

Se a garantia das eleições será tarefa difícil, ainda mais difícil será implementar, no governo, um programa que esteja à altura dos nossos sonhos e desafios. A organização social dos movimentos populares é fundamental para combater a violência política e para garantir as eleições e o processo democrático. Para que esse projeto seja possível, mais do que uma frente ampla democrática, será necessária uma bancada forte e comprometida no parlamento. 

Precisamos de deputadas e deputados comprometidos com a defesa dos direitos, com a vida da população, em especial da juventude e das mulheres, com a revogação das reformas e com a defesa da democracia na Câmara dos Deputados. Só com uma bancada fortalecida e com a sociedade organizada nos territórios através dos movimentos e dos comitês populares de luta que o presidente Lula terá condições de implementar as políticas que o país precisa.

Queremos Tamires Sampaio representante desse projeto coletivo no Congresso Nacional!

Advogada, jovem e mulher negra, moradora do bairro de Guaianases em São Paulo, Tamires se formou em Direito pelo ProUni no Mackenzie, onde também fez mestrado com bolsa da Capes. Ainda na faculdade, foi eleita a primeira presidenta negra do Centro Acadêmico João Mendes Jr. Foi vice-presidenta da UNE e representante estudantil na Comissão Nacional do ProUni e em encontros internacionais em diversos países. Como teve sua vida transformada pelas políticas públicas de acesso à educação, tem compromisso com a defesa da educação, em especial para garantir oportunidades para a juventude da periferia.

Militante do movimento negro pela Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN) e coordenadora da Frente Nacional Antirracista (FNA), Tamires é pesquisadora sobre segurança pública e genocídio da população negra no Brasil, além de autora do livro Código Oculto: Política criminal, processo de racialização e obstáculos à cidadania da população negra no Brasil. Por isso entende que o combate ao racismo estrutural é central e que a construção de todas as políticas devem ter como base a interseccionalidade de gênero, raça e classe para a construção de uma sociedade igualitária e democrática. 

No último ano, colocou seu conhecimento a serviço da população: foi secretária adjunta de segurança cidadã de Diadema-SP. Coordenou o programa Patrulha Maria da Penha, que se tornou uma verdadeira rede de proteção para as mulheres em situação de violência na cidade, além de ter lecionado a disciplina de racismo estrutural para todo o efetivo da GCM na cidade. Por isso tem experiência e compromisso com a implementação de uma política de segurança democrática, cidadã, preventiva e antirracista. 

Filiada ao Partido dos Trabalhadores e militante do coletivo Bem Viver SP, Tamires é Diretora do Instituto Lula, antigo Instituto Cidadania, berço de muitas das políticas que mudaram a vida dela e de milhões de brasileiros durante os governos do PT, como o Fome Zero, o projeto Moradia, Segurança Pública e o Projeto Juventude. Por isso entende a importância da defesa das políticas públicas para transformar a vida das pessoas.

Sua trajetória é exemplo da potência das políticas públicas dos governos petistas e essa pré-candidatura a Deputada Federal é fruto do sonho, partilhado pela juventude e por mulheres negras e racializadas, de uma vida mais digna e de um futuro com mais oportunidades. Muito mais que objetos de políticas públicas, queremos ser sujeitos ativos na transformação da nossa sociedade e no combate ao fascismo e ao neonazismo. Seja como lideranças dos movimentos de base ou na execução, articulação e elaboração das políticas públicas em nosso país. Para que a juventude brasileira volte a ter oportunidades no presente e possa, coletivamente, construir um futuro melhor para a classe trabalhadora.

Nossa pré-candidatura tem por base a participação popular e social e a construção coletiva de propostas – características dos movimentos populares e sociais de que fazemos parte e do modo petista de governar e de atuar no parlamento. Convidamos você, desde já, a participar deste projeto.

Vamos juntas por um Brasil antirracista e pelo Bem Viver!